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Títulos nacionais colocam ciclista rondonense Maria Muller no caminho do sonho olímpico

Postado em: 15/06/2022

Maria Muller sorri após conquistas no Brasileiro de Pista

No mês passado, a ciclista rondonense Maria Tereza Muller foi uma das protagonistas da equipe Santos Cycling Team, que se destacou com a conquista de 23 medalhas no Campeonato Brasileiro de Pista, disputado no Velódromo do Parque Olímpico, no Rio de Janeiro.

Destas, cinco foram parar no peito de Maria, que faturou dois outros e três pratas, entre provas individuais e por equipe. Com estes resultados expressivos, a rondonense de 31 anos deu um passo importante para alcançar o grande sonho de sua carreira: disputar as Olímpiadas de 2024, em Paris.

Enquanto concilia a carreira de atleta, representando a equipe de Santos em competições nacionais e também a Aprove Bicicross, tendo conquistado diversos títulos para Marechal Rondon na outra modalidade pela qual é apaixonada, o bicicross, com a de manicure e designer de sobrancelhas, a rondonense tem como próximo grande objetivo a disputa do Panamericano de Ciclismo, que acontecerá em Lima, no Peru, no mês de agosto, e contará pontos cruciais na disputa por uma vaga nas Olimpíadas.

Outra prova importante no calendário da rondonense, que faz parte do Programa Bolsa-Atleta, do Governo Federal, que contempla atletas de rendimento com bons resultados em competições nacionais, poderá ser a disputa do Sulamericano, em Assunção, no mês de outubro. A convocação para esta prova, porém, ainda não foi oficializada pela CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo).

Confira a entrevista com Maria Muller:

Olhonabola: Maria, o que significa para vocês essas cinco medalhas conquistadas no Brasileiro de Pista, mês passado, no Rio de Janeiro?

Maria Muller: Resultado de muito esforço e dedicação.

O: De que maneira esses títulos e pontuações obtidas te impulsionam a alcançar suas próximas metas, e quais são esses objetivos a curto prazo?

MM: Um degrau obtido em direção ao meu sonho, que é Paris 2024. A curto prazo tenho o Campeonato Panamericano em Lima, em agosto.

O: Esse ano você também conquistou resultados expressivos no Panamericano de Paraciclismo ao lado Marcinha Fanhani. Como é a sensação de pedalar ao lado e ajudar uma atleta paraolímpica?

MM: Muito gratificante para mim, sempre aprendo muito em cada experiência que tenho com ela desde 2019.

O: Quais os principais obstáculos que você enfrenta no dia a dia dos treinamentos, já que está longe da cidade de Santos, cidade pela qual você compete no ciclismo? E quando e como aconteceu esse contato com a equipe de Santos para te convidar a correr por eles?

MM: Em 2013, Cláudio Diegues, técnico de Santos, entrou em contato com meu pai, Elinton Valério Müller, com o interesse de eu defender Santos nos Jogos Abertos daquele ano. Foi com enorme alegria que aceitei, pois acredito que todo atleta almeja um passo para novos horizontes. A possibilidade de eu não morar em Santos foi a proposta em 2016. Poder treinar em minha cidade natal e apenas viajar para competir foi fundamental para firmarmos o contrato, pois naquele ano meu filho Antonio estava com apenas dois anos, e uma mudança nesta fase não era favorável.

O: Você tem planos para se mudar para Santos para facilitar a logística ou seguirá em Marechal Rondon conciliando o ciclismo com o trabalho?

MM: Acredito que para projetar excelência devo ir para lá, pois o suporte ampliaria e seria de suma importância pensando em Paris 2024. Mas este ano ainda pretendo continuar aqui, mas aumentando as fases de treinamentos gradativamente.

O: Muitos atletas de esportes olímpicos que se destacam, como é seu caso, precisam alternar treinos e competições com outro trabalho para se manter. Na sua visão, o que poderia ser melhorado em termos de iniciativas públicas para que esses atletas pudessem se manter focados apenas no esporte?

MM: Quando o assunto é este, sempre ressalto que o atleta brasileiro deve ser farto de talento, pois é carente de apoio. Sempre observei, no decorrer da minha vida no esporte, que Marechal Cândido Rondon, por exemplo, é um celeiro de ótimos atletas, mas que acabam deixando o esporte antes mesmo de atingir a mais alta performance, pelas dificuldade que enfrentam em relação a este contexto. Hoje o ciclismo, por exemplo, é um esporte que demanda um investimento razoavelmente alto e constante. Seria fascinante se expandíssemos nossa visão a tudo que envolve o esporte na vida de um cidadão, desde sua infância até ser adulto, e houvesse um apoio real de iniciativas pública, com bolsas, por exemplo, que dariam o suporte necessário para o desenvolvimento do atleta que se destaca. Assim, veríamos a potência que temos e os resultados grandiosos que poderíamos obter.

O: Além do ciclismo você também corre bicicross. O que esse esporte representa na sua vida e na sua análise, quais as principais diferenças entre ciclismo e bicicross?

MM: Faltam palavras para expressar o que o bicicross representa pra mim, é uma vida envolvida nisso, com família, amigos, viagens, pessoas e culturas. Sou profundamente grata a este esporte e por tudo que já vivemos juntos e o que ainda vamos viver.  No meu ponto de vista o bicicross para é um esporte muito ‘família’, um pouco diferente do ciclismo, que é mais individual. Mas as duas modalidades me cativam e me inspiram a querer sempre melhorar.

O: O que significaria para você alcançar o sonho de competir em Paris 2024 e repetir o feito do ciclista Valdir Lermen, único rondonense a ter disputado uma Olimpíada, em Atlanta 96?

MM: Como salientei, Marechal Rondon é um verdadeiro celeiro, e é muito gratificante e me emociona ver quão longe um rondonense já foi, pois sei quão intenso e árduo trabalho é necessário ter para chegar a isso. Olimpíadas é meu sonho desde criança, mas confesso que após a gestação e alguns anos afastada, este sonho eu já havia adiado. Mas a vida e suas belas surpresas, me trouxeram de volta ao esporte e a essa nova chance, que afirmei que iria agarrar com unhas e dentes. E assim estou me desdobrando e fazendo tudo que posso para tornar este sonho real.

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