O assunto é tratado com cautela porque vai depender da regressão de casos e mortes por Covid-19 nos próximos meses e, claro, do aval governamental — e cada estado está com regras diferentes em relação à reabertura econômica. Mas a volta de público aos estádios, inicialmente com limitação de 30% a 50% da capacidade, está na pauta dos clubes.
O motivo principal para o tema entrar nas conversas apesar de a pandemia ainda estar bem ativa no Brasil é um número negativo: até a 4ª rodada da Série A, os 20 clubes da elite acumularam prejuízo de R$ 2,63 milhões com a organização das partidas. São pagos taxas de arbitragem, aluguel de campo, testes para exame antidoping e para a Covid-19 com zero de receita já que não há venda de ingresso.
O tema é espinhoso, será alvo de críticas por causa de possíveis aglomerações e por isso não há plano de fazer nada antes de novembro, quando se inicia o segundo turno do Campeonato Brasileiro — no fim de semana do dia 8. Isso se estenderia para as partidas de Libertadores e Sul-Americana e também para a Copa do Brasil. Como houve pressão sobre autoridades pela volta dos jogos, também deverá haver para o retorno dos torcedores, com lobby inclusive na esfera federal.
Dirigentes alegam que ficará insustentável bancar a competição por 38 rodadas sem a entrada de receita de ingressos e sem a ativação de sócios-torcedores. O Flamengo projetava faturar mais de R$ 100 milhões em 2020 com venda de bilhetes e operação do Maracanã (bares, lojas, etc).
Com impostos maiores e despesas operacionais dos estádios também mais altas, os clubes do Rio, por exemplo, estão gastando mais de R$ 100 mil em média para organizar uma partida nesta temporada.
Se estuda montar um relatório com experiência em outros países. A Alemanha pretende voltar a Bundesliga com limitação de público e a Uefa anunciou que a Supercopa entre Bayern de Munique e Sevilla, campeões respectivamente da Liga dos Campeões e da Liga Europa, terá torcida em Budapeste, no dia 24 de setembro. 30% da capacidade e será uma espécie de teste.
Claro que não se pode comparar hoje a situação da pandemia na Europa e no Brasil. Os países europeus estão registrando muito menos casos e mortes diárias, mas pode haver comparação com os EUA. Por lá, a NFL, a liga de futebol americano, começará no meio de setembro e algumas cidades já pretendem ter torcedores, com limitação de assentos, na primeira rodada.
O blog apurou que a CBF ouvirá os clubes, mas que seguirá as normas e recomendações dos órgão governamentais. O que pode ocorrer é algum estado liberar a presença de público antes de outro e aí a entidade pode ficar com um problemão para resolver: liberar para alguns times terem torcida enquanto outros não podem? Isso pode desequilibrar tecnicamente a competição.
Marcel Rizzo/ colunista do UOL
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