O Washington Redskins é uma das franquias mais tradicionais da NFL. Fundada em 1932 e sediada na capital dos Estados Unidos desde 1937, a equipe três vezes vencedora do Super Bowl está sendo pressionada a encerrar uma antiga polêmica que ganhou mais destaque nas últimas semanas com os protestos pelo fim da desigualdade racial no país após a morte de George Floyd em Minnesota.
O apelido Redskins, ou pele vermelha em tradução livre, é visto como racista por instituições ligadas aos povos indígenas, que pedem há anos a mudança do apelido e do mascote - um aborígine fantasiado com plumas na cabeça.
Em 2013 o então presidente Barack Obama afirmou que analisaria a mudança de nome se fosse o proprietário da franquia. O apelido "pele vermelha" é visto como pejorativo pelos povos indígenas norte-americano e remete a invasão das terras destes nativos pela população branca.
Até pouco tempo a franquia comandada por Daniel Snyder dava de ombros aos pedidos, mas nos últimos dias o cenário mudou. A pressão pela mudança começou a partir de patrocinadores da equipe e de personalidades importantes do futebol americano. Com todo esse movimento, a própria franquia anunciou que enfim analisará a mudança e que deverá tomar uma decisão nos próximos dias. A NFL também revelou que mantém conversas com a direção dos Redskins e incentiva a discussão.
"Em razão dos eventos recentes em nosso país e o retorno de nossa comunidade, o Washington Redskins anuncia que o time vai passar por um processo de revisão do nome da equipe. Essa revisão formaliza as discussões iniciais que o time teve com a liga nas últimas semanas. Nós acreditamos que essa revisão pode e será conduzida com os melhores interesses de todos em mente", diz parte do comunicado divulgado pela equipe na última sexta-feira.
O maior movimento pedindo a mudança foi feito na quinta-feira (2) pela FedEx, empresa que pagou 205 milhões de dólares em 1998 para ser dona dos naming rights do estádio onde a equipe joga. O contrato é válido até 2025. A pressão é ainda maior porque Frederick Smith, CEO e presidente da FedEx Corp., também tem uma parte minoritária das ações do time.
Além disso, a revista "Adweek" divulgou que Nike e PepsiCo também sofrem pressão para exigirem a mudança. Desde a noite de quinta a empresa de material esportivo, que fornece os uniformes das franquias, deixou de exibir os produtos oficiais ligados a equipe no seu site.
As três empresas receberam cartas de 87 empresas de investimentos que juntas somam 620 bilhões de dólares pedindo que as companhias atuem a favor da alteração e que rompam os contratos caso o pedido não seja aceito.
Outra ação externa que pede a mudança de nome partiu de Tony Dungy, duas vezes vencedor do Super Bowl, membro do hall da fama e hoje analista da NFL na NBC. O ex-atleta afirmou que não irá mais se referir a franquia usando o apelido considerado ofensivo durante os seus comentários e análises.
De acordo com reportagem do jornal Washington Post publicada ontem (5), três donos minoritários dos Redskins querem vender suas ações por conta de problemas de relacionamento com Snyder.
A franquia tentou melhorar um pouco a imagem ao remover recentemente a estátua em homenagem a George Preston Marshall, antigo proprietário da equipe e acusado de atos de racismo enquanto atuou na NFL. Sob o comando de Marshall, os Redskins foram a última franquia da liga a aceitar negros no elenco, em 1962. Agora, sob mais pressão, a mudança deve ser ainda mais profunda em uma das principais equipes da liga.
Lucas Tieppo, colaboração para o UOL
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