Acreditando no desenvolvimento sustentável e na geração de empregos e renda para os catadores e suas famílias que estavam fora do mercado de trabalho e em situação de vulnerabilidade social, a administração de Pato Bragado e a Itaipu Binacional decidiram que juntas poderiam alavancar o processo da cadeia produtiva da reciclagem, no município.
Como já havia uma associação constituída - Associação Bragadense de Catadores (ABC) e área própria, não demorou para que as instalações de 458,81 m² fossem construídas. A inauguração em decorrência da pandemia do coronavírus ainda não ocorreu, mas os trabalhos do local, batizado com o nome de Unidade de Valorização de Reciclados (UVR) estão em amplo funcionamento no local do antigo curtume (Linha KM 13). São R$ 715 mil em recursos do município e Itaipu na construção, compreendendo a edificação administrativa, escritório, refeitório, cozinha, vestiários, além de móveis, equipamentos, capacitações e campanhas de educação ambiental.
“Estamos investindo no processo de reciclagem porque além da geração de novos empregos, pensamos na proteção dos nossos recursos naturais, já que alguns materiais, como o plástico, por exemplo, demoram muitos anos para se decompor na natureza. Portanto é de fundamental importância que nossa população colabore realizando a separação do lixo e depositando, nos dias estabelecidos para a destinação correta dos resíduos”, evidencia o prefeito Leomar Rohden, o Mano.
APTIDÃO
Trabalhar na UVR exigiu que as famílias se reestruturassem. Os parceiros promoveram apresentações de programas e capacitações voltadas à coleta seletiva e de reciclagem no município, como de tipologias de reciclagem em uma das Associações de referência no Paraná e Brasil, a Associação de Catadores de Resíduos Recicláveis (Acaresti) de Santa Terezinha de Itaipu. A técnica de referência da UVR, Claudireni Staadlober também se aperfeiçoou na Cooperativa de Agentes Ambientais (Cooperagir) de Marechal Cândido Rondon e participou do Congresso Sul Americano de Resíduos Sólidos e Sustentabilidade, realizado em Foz do Iguaçu.
Nesse tempo de cerca de um ano, alguns ficaram pelo caminho, enquanto outros seguiram acreditando que seria possível melhorar a qualidade de vida.
COOPERAÇÃO
Atualmente seis famílias de baixa renda trabalham na UVR. É um time composto por mulheres de rostos fortes, com marcas do tempo e da vida, mas que não se sobressaem aos sorrisos e o sentimento de gratidão por estarem trabalhando e com prazer. Luiza Machado, Janete Kist, Cleusa Moreira de Moraes Fortes, Auria Alves Monteiro, Elaine Cristina Hichmann e Cecília Bocchi, cooperam entre si na triagem e prensagem do material que é separado por categorias, enfardado, vendido e o valor rateado pelos dias trabalhados de cada sócia.
A técnica da UVR conta que todo lucro é revertido de forma igualitária pelos dias trabalhados, a cada catador. Claudireni aponta a importância da comunidade, principalmente o comércio e indústria colaborarem na destinação de reciclados, nas calçadas sempre nas quartas-feiras, após o meio-dia. “É nesse dia, à tarde que o material é recolhido e repassado aos catadores”, expõe, acrescentando que além da destinação correta, colaborando na renda das famílias, a cidade se mantém limpa e organizada, aumentando a vida útil do aterro sanitário”, revela.
TRABALHO PRAZEROSO
A equipe de catadoras é persistente e sobra força de vontade. Luiza, a presidente, encontrou na separação dos resíduos, um trabalho do qual tem orgulho e gosta. “Quando fiquei sabendo que estavam precisando de novas pessoas para a unidade, me inscrevi e estou aqui, satisfeita, trabalhando na sombra e entre amigas”, declara.
Janete, a tesoureira está ainda mais empolgada. Para ela, não há trabalho melhor. Até então, a catadora cortava fios e hoje, em dois meses de trabalho na UVR seu faturamento duplicou.
RESPONSABILIDADE QUE DEVE VIRAR HÁBITO
Todo material é tocado pelas mãos ágeis das catadoras e nesse tempo, nem tudo pode ser reaproveitado. “Ainda existem pessoas que acabam misturando o lixo orgânico ao reciclado. Mesmo com tantos anos e dias estabelecidos de recolha de cada um, ainda aparecem sacos que deveriam ir para o aterro sanitário” revela a técnica”. Ela reforça que tudo é questão de hábito, de responsabilidade, de respeito às agentes e preocupação com o meio ambiente. “Além disso, é preciso que ocorra a destinação correta dos recicláveis, no dia estabelecido (quarta-feira, após o meio-dia) impedindo que outras pessoas que não integram a associação, se aproveitem desse material”, conclui Claudireni.
O QUE RECEBEM
Latas de alumínio, de produtos alimentícios e de tinta
Garrafas pet, sacos, copos de plástico, PVC e embalagens de produtos de limpeza
Garrafas de vidro, potes de produtos alimentícios e cacos (devidamente embalados)
Papelão, revistas, panfletos, jornais e papeis limpos em geral
Embalagem longa vida
Arames e fios elétricos
Isopor e bandejinhas
NÃO RECEBEM
Restos de comida, cascas de frutas, cascas de ovo
Lâmpadas, pilhas e baterias
Papel higiênico, fraldas, lenços, guardanapos, adesivos
Espelhos, louças de cerâmica, seringas, tubos de tela (TV e computador)
Resíduos de jardinagem
Madeiras
assessoria prefeitura de Marechal Rondon
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