O fisiculturismo, por definição, é o uso progressivo de exercícios de treinamento resistido para controlar e desenvolver a musculatura de uma pessoa para fins estéticos. Na prática, pode-se afirmar que é um esporte desafiador e que exige uma preparação mental tão rígida quanto à disciplina de cumprir uma rotina exercícios exaustivos. Não à toa, apenas um grupo seleto de pessoas que vão até as academias, na grande maioria das vezes com objetivo de emagrecer, acabam se interessando pela modalidade a ponto de preparar o corpo visando competições.
É o caso das rondonenses Patricia Tavares e Mariane Souza, que vão competir na Copa Oeste de Fisiculturismo, evento promovido pela Paraná Fisiculturismo e Fitness (PR-FF), que acontecerá no próximo domingo (19), no ginásio da Unipar, em Cascavel, e irá marcar a estreia de ambas nos palcos. Serão sete classes femininas em disputa, sendo que as rondonenses irão competir na categoria Bikini. “Treino há aproximadamente sete anos, mas que levo a sério e faço acompanhamento para campeonatos há dois anos e meio. Sou personal também e sempre gostei do esporte e tive vontade de participar, e quem me incentivou a seguir com esse sonho foi o Cristiano Muller, que está fazendo minha preparação, e a Andréia Martins, que também é atleta e preparadora. Esse será meu primeiro campeonato, que servirá de preparação para o Campeonato Paranaense, em novembro”, comenta Patricia, exemplificando porque a vida de fisiculturista não é nada fácil. “Os treinos estão sendo bem puxados, são quatro horas de aeróbico, mais uma hora de musculação por dia. A dieta está bem apertada, com poucas calorias. Não é fácil, tem dias que dá vontade de desistir, mas vejo o quanto já evoluí e isso me faz manter a confiança e firme pro meu objetivo. A ansiedade também é grande pelo fato de ter pouca comida, a vontade de comer doce é gigantesca e isso é de pirar, acredite, então a dica que dou a todos é: prepare o seu psicológico, tenha determinação e amor pelo processo, assim ficará mais fácil de você não errar”, relata.
Parceria
O testemunho de Patricia encontra eco na fala de sua colega de treino e agora também de competições, Mariane Souza, que se considera uma vencedora antes mesmo de subir no palco da Copa Oeste. “Treino desde sempre e tentava fazer dieta, mas treinar e fazer dieta de verdade mesmo faz menos de um ano. Sempre gostei e admirei muito esse esporte, porém nunca achei que fosse capaz de chegar lá. A primeira pessoa que me falou que eu era capaz foi a Ane Ikert, depois que voltou do seu primeiro campeonato, então foi ela que plantou a sementinha. Depois de alguns anos resolvi mudar meu corpo de vez contratando um bom profissional, demorei até escolher, até que falei com o Cristiano Müller e decidi contratar ele. Digo que foi a melhor escolha que fiz, ele é um excelente profissional e realmente sabe o que está fazendo, o resultado 110% garantido. Mas, é claro, você tem que fazer a sua parte”, analisa Mariane, que também tem uma rotina bastante rígida com o professor Cristiano. “Treino com ele desde outubro de 2020. Em maio desse ano ele fez um processo de finalização comigo e eu me apaixonei pelos meus resultados, vi que eu realmente era capaz de fazer aquilo, e foi aí que decidi competir. E aqui estou eu fazendo a coisa mais difícil que já fiz na vida, tentando sempre fazer o melhor possível para alcançar esse sonho. É um trabalho exaustivo de 24 horas por dia, sete dias por semana e 365 dias no ano. Um processo que exige principalmente, dentre tantas outras coisas, disciplina e paciência. A dieta é bem restrita, são longos cardios e treinos. Sinceramente, antes de qualquer resultado, eu já me sinto uma vencedora por ter chegado até aqui, porque é sobre vencer a si mesma a cada dia. Foi difícil, já chorei, já quis desistir todos os dias, e mesmo querendo desistir no outro dia eu levanto e faço o que precisa ser feito, porque é um tijolinho a cada dia”, reitera, relatando como está se sentindo às vésperas da competição. “Antes estava mais tranquila, mas agora a ansiedade chegou com força. Mas sempre em frente. Tenho que agradecer todo apoio do meu marido, Leandro Spaniol, nesse processo”.
O incentivador
Responsável pela preparação de Patricia e Mariane visando a disputa da Copa Oeste, o personal trainer Cristiano Muller, proprietário da Start Academia, em Marechal Rondon, é só elogios ao esforço de suas alunas. “As meninas treinam comigo para ter um corpo legal, o objetivo não era competir, porém com a rotina de treinos, a dieta e muita dedicação, elas chegaram a um nível de atletas, e comparando com pessoas que competem viram que teriam condições de chegar nesse nível, fazendo a preparação para subir nos palcos”, expõe.
Segundo ele, competir em eventos de fisiculturismo é algo que os atletas fazem pelo amor ao esporte, e não pelo dinheiro. “É um esporte que não dá retorno, além de ser caro, com inscrições, pintura, até as fotos você tem que pagar. Um bikini novo de competição chega a custar R$ 1.000 reais, e as premiações são suplementos. Então são apenas custos, além de uma rotina desgastante, especialmente nessa reta final de preparação. Para quem trabalha, tem família, vida social, é complicado, tem que gostar, querer e ter disciplina”, analisa.
Para Cristiano, que também já foi competidor, a Copa Oeste também pode ser considerada uma estreia para ele, mas em outra função. “Para mim também é novidade, pois nunca fiz uma preparação para mulheres, e estamos aprendendo juntos, e acho que elas têm boas chances de voltar com troféu para casa, estamos muito confiantes. A Copa Oeste servirá de preparação para o Campeonato Paranaense, que valerá uma vaga ao Brasileiro, que é mais interessante”, comenta Cristiano, para quem Marechal Rondon ainda está fora do cenário da modalidade. “Nossa cidade, por ser pequena, é raro ter atletas de fisiculturismo, diferente das academias de cidades grandes, onde é normal. Aqui esse público é pequeno. Eu, como treinador, gosto mais da área de fisiculturismo do que de emagrecimento, porém a procura aqui é baixa, então não focamos nisso. Caso o aluno chegue a um nível legal, tentamos convencê-lo a competir, e nesse ponto eles vão querer, pois todos que gostam de esporte também gostam de competição. Esse esporte é diferenciado porque só depende da pessoa”, finaliza.
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