A seleção brasileira de futsal será gerida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a partir de 2017. O anúncio oficial das mudanças na modalidade será feito na próxima quinta-feira, em coletiva de imprensa marcada para um hotel na Zona Oeste do Rio de Janeiro. No evento, também será apresentado o novo treinador da seleção. Campeão mundial em 2008, PC Oliveira está de volta ao comando do time verde-amarelo, após rápida passagem pelo cargo em 2015, quando foi apresentado, mas não chegou a assumir a equipe devido a um boicote de jogadores. Em 2014, PC comando a Copagril Futsal por seis meses.
PC atualmente ocupa a função de coordenador de metodologia de treinamento do futebol da Ferroviária de Araraquara. Após o fracasso na Copa do Mundo do ano passado, na Colômbia, quando amargou a eliminação nas oitavas de final diante do Irã, o Brasil estava sendo dirigido interinamente por André Bié, técnico campeão das Ligas Nacional e Paulista pelo Corinthians.
O motivo da mudança na gestão da seleção é a grave crise enfrentada pela Confederação Brasileira de Futsal (CBFS), fundada em 1979, logo após o fim da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Até o primeiro semestre do ano passado, a CBFS tinha uma dívida estimada em R$ 6 milhões, o que fez com que a última comissão técnica da seleção brasileira abdicasse de salários em 2016 - os profissionais receberam apenas diárias de viagens e premiações por vitórias. O Brasil disputou o Mundial de "camisa limpa".
Com a passagem da gestão para a CBF, a CBFS cuidará apenas das seleções de base. Outras incumbências que continuarão na entidade máxima do futsal brasileiro são: promover o registro de jogadores e organizar algumas competições nacionais como a Taça Brasil de Clubes e a Superliga - a Liga Nacional de Futsal (LNF) se tornou independente em 2014.
Apesar de assumir a gestão da seleção de futsal, a CBF contratou uma empresa de marketing esportivo para fazer a gerência da modalidade. Os detalhes da gestão serão revelados na coletiva desta quinta. Procuradas pelo GloboEsporte.com, tanto a CBF quanto a CBFS não confirmaram a mudança, embora a CBF admita que o "tema foi levado à discussão da diretoria" em dezembro.
PRIMEIRA APROXIMAÇÃO FOI EM 2015
O Brasil é um dos poucos países no qual o futsal tem confederação própria, o que faz com que as seleções de futebol e futsal usem uniformes diferentes uma da outra. Em 2015, no auge de uma crise política entre jogadores e dirigentes da CBFS, Falcão se aproximou de Marco Polo Del Nero na tentativa de levar a gerência da seleção para a CBF. As conversas, no entanto, não foram adiante, uma vez que Del Nero foi afastado do cargo.
Ainda em 2015, o presidente da CBFS, Marcos Madeira, teve um encontro cordial com Del Nero para tentar apaziguar a situação. O articulador do encontro foi o dirigente Weber Magalhães, que acumula cargos nas duas entidades. Na ocasião, Madeira fez um discurso em tom conciliador.
- A filiada à Fifa é a CBF e logicamente nós precisamos desse relacionamento estreito com eles. Todos os assuntos do futsal no nível internacional são tratados através da CBF, então nada mais normal do que esse bom relacionamento entre as confederações. Fomos muito bem recebidos pelo Del Nero e esperamos andar juntos daqui para frente. Quanto à seleção, esperamos chegar a um denominador comum com os jogadores em breve. Nós precisamos deles e eles precisam da gente - disse Madeira.
ACORDO DE CAVALHEIROS PERMITIU A CRIAÇÃO DA CBFS
Fundada em 15 de junho de 1979, logo após o fim da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), a CBFS nasceu de um "acordo de cavalheiros" entre João Havelange e Aécio de Borba Vasconcelos, fundador e presidente da CBFS até junho de 2014, quando renunciou após ser acusado de corrupção e nepotismo. Amigo de Aécio, Havelange - que presidiu a CBF de 1958 a 1975 e a Fifa de 1974 a 1998 - condicionou a criação da nova entidade à possibilidade de a CBF retomar o controle do futsal a qualquer momento, conforme previsto no item VIII do artigo 5º do estatuto da entidade máxima do futebol brasileiro.
Sediada em Fortaleza, a CBFS vive grave crise política e financeira agravada nos últimos anos, chegando a ficar impossibilitada de negociar patrocínio com empresas estatais devido à reprovação de seus balanços financeiros. Por conta dos problemas na entidade, a seleção chegou a ficar 284 dias sem jogar entre 2014 e 2015. Substituto de Aécio na presidência da CBFS, Renan Tavares deixou o cargo em março de 2015, quando Marcos Madeira foi eleito para um mandato de quatro anos. Madeira estará presente na coletiva da próxima quinta-feira, no Rio.
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