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Rondonenses Rafhinha Domingues e André Neitzke se encontram com missão de salvar time suíço do rebaixamento

Postado em: 21/01/2022

Rafhinha Domingues e André Neitzke: dupla rondonense é aposta do Brühl para evitar o rebaixamento – foto: divulgação SC Brühl
 

Aceitar jogar por um time que está na lanterna do campeonato, com apenas três vitórias em 18 jogos, e seis pontos atrás do primeiro time fora da zona de rebaixamento faltando 12 rodadas. Loucura? Talvez. Mas também uma grande possibilidade de, em caso de sucesso, que seria evitar a queda para a 4ª divisão do futebol suíço, conseguir um contrato melhor na próxima temporada, com status de ‘salvadores da pátria’.

Esse é, em resumo, o desafio do atacante Rafhinha Domingues e do zagueiro André Luis Neitzke, rondonenses que foram apresentados na semana passada pelo SC Brühl, da cidade de St. Gallen, oitava maior cidade da Suíça, com cerca de 75 mil habitantes.

O primeiro compromisso do Brühl na segunda metade da temporada, após a pausa de inverno, será no dia 19 de fevereiro, contra o YF Juventus, fora de casa. Um mês para a dupla se adaptar e aos novos companheiros e à nova casa. Ou, no caso de Rafhinha, retorno a ela, já que esta será a terceira passagem pelo time verde e amarelo da suíça.

A primeira delas foi em 2016, quando deixou o catarinense Inter de Lages para investir na carreira europeia. Com cidadania austríaca, Rafhinha já havia tido uma experiência no velho continente com as camisas da seleção de base da Áustria e do Borussia Dortmund. Formado nas categorias de base do Botafogo, em Marechal Rondon, com o técnico Rubens Durks, o rondonense coleciona passagens pelo Toledo, Foz do Iguaçu, Barueri e New York Red Bulls, onde chegou a jogar ao lado de estrelas como Juninho Pernambucano e Thierry Henry.

Após fazer uma boa primeira temporada pelo Brühl, Rafhinha passou pelo Winterthur e Cham, também de divisões inferiores da Suíça, teve uma segunda vez no Brühl, um breve retorno ao Inter de Lages, em 2019, e estava atualmente no FC Brauerei Egg, da 3ª divisão da Áustria.

“Quando eu fui pra Europa na primeira vez, fui muito bem no Brühl, fui artilheiro, tive várias propostas. Fui para um time da 1ª divisão, o Sion, que me emprestou para Winterthur. Depois de um ano retornei, joguei mais uma uma temporada e fui para o Cham, quando resolvi voltar para o Brasil, no Inter de Lages, com o pensamento diferente de tentar alguma coisa aqui, independente do salário, independente de como seria, porque eu sei das dificuldades dos times brasileiros. Mas acabei desanimando, resolvi voltar pra Europa, e meu agente me colocou no FC Egg. Cheguei lá e também fui muito bem, fiz vários gols, fui artilheiro do time e renovei para essa temporada. Então o treinador que ano passado estava no Egg foi para o Brühl, e ele já queria me levar. Só não me levou naquela janela em consideração ao time que eu estava. E sabe o que aconteceu? O André recebeu proposta do Brühl e entrou em contato comigo. Ele é meu amigo, joga na Suíça há muito tempo, e perguntou se eu queria jogar com ele e ir pra lá ajudar o time”, detalha Rafhinha sobre como se desenrolaram os trâmites para sua volta a St. Gallen.

Salvação

Antes de assinar com o lanterna da 3ª divisão suíça e deixar o time em que era protagonista, o atacante de 29 anos se informou a respeito dos motivos que fazem o Brühl ser o pior time do campeonato. Pior? Não necessariamente. “Apesar de estar em último, é um time bom. Conversei com o treinador e com várias pessoas antes de ir, porque eu não vou dar ‘bote errado’. Todo mundo falou que o time está bem. Só falta o cara que faz o gol e um zagueiro experiente. O time é muito jovem, joga bem mas não consegue não consegue as vitórias, e está levando azar. Foi isso que o treinador e amigos que tenho aqui me disseram. Eu e o André viemos para salvar o time do rebaixamento”, afirma.

Sem ‘meio-termo’

À princípio, o novo contrato de Rafhinha com o Brühl é válido até o final do atual campeonato. Porém, caso consiga evitar o rebaixamento, o vínculo será renovado, com boas perspectivas para o futuro. “Na próxima temporada vai aumentar o número de times da 2ª divisão (são 10 atualmente), e o Brühl está com projeto de subir. Só que para subir, ele não pode cair. Então eles deram uma boa reforçada agora nessa janela de inverno para não ser rebaixado e ano que vem montar um time muito bom para subir. Estou indo com esse projeto e também para ajudar o André, o clube e meu empresário, até porque na Áustria eu tinha muita moral, morava em uma casa ótima, tinha uma vida legal. Aceitei esse novo desafio, vamos ver como é que vai ser. Se o time cair, será uma incógnita, teremos que sentar, conversar para ver se eu vou ficar, mas também se o time sair do rebaixamento vai ser bom, porque vamos ter muita moral, vai melhorar o salário, os prêmios, entendeu? Eu gostei assim porque caso a gente permaneça e dependendo como eu for no campeonato e se surgir outras propostas, eu tenho a chance de melhorar meu contrato. Então tem os dois lados, ou será ruim ou será bom. Não tem meio termo”, projeta Rafhinha, que só foi liberado pelo Egg pelo fato do Brühl ser de outro país. “Eu estava jogando bem, inclusive o time que é líder e que provavelmente vai subir queria me contratar, só que o Egg não liberou. Eles falaram que não liberava para nenhum time da Áustria, mas para o Brühl deu certo”.  

‘Futebol é difícil’

Prestes a completar 30 anos em março, Rafhinha Domingues tem a consciência que será cada vez mais complicado conseguir um contrato em equipes maiores do cenário europeu mas, embora reconheça as dificuldades pelas quais passa um jogador de futebol, ainda demonstra motivação para seguir na carreira. “Já estou com 29 anos, estou ‘velhinho’, tenho saudades dos meus 17 anos, quando a galera falava “esse aí tem tempo, vai jogar no Real Madrid” (risos). Mas isso faz parte do futebol, fazer o quê? Futebol é difícil. Muita gente que não conhece a realidade do futebol acha que é fácil, mas estamos na ‘peleia’, não tão jovem quanto antes, mas seguimos na luta. Todo mundo, em qualquer trabalho, sonha com coisas melhores, subir de cargo, mas a gente tem que ser realista. Realista que eu digo, é saber que aos 29 anos é muito mais difícil entrar num time grande do que quando eu tinha 25, 22, entendeu? Querer eu quero, dou o meu sangue, dou a minha vida, treino pra caramba, treino sempre a mais, sabe? Claro que almejo coisas maiores, mas eu sei que é difícil. Não é impossível, mas se torna mais difícil. Futebol depende de muitas coisas”, considera.

Diferenças culturais

Há cinco anos vivendo na Europa, alternando entre Suíça e Áustria, Rafhinha relata que tenta aproveitar ao máximo as férias no Brasil ao lado da família e amigos. Mesmo já tendo uma boa fluência em alemão, língua mais comum na região em que vive, o rondonense, mesmo se considerando avesso às baladas, sente falta do calor humano típico do brasileiro. “Aqui eu tenho meus amigos, me enturmo com a galera, mas não é a mesma coisa que ter uma amizade brasileira. As pessoas aqui são diferentes, são mais frias, não te convidam pra ir na casa delas ou para uma festa, como fazemos no Brasil. Elas convivem mais entre elas, entre as próprias famílias, e não procuro muito tentar me ‘enfiar’ no meio deles, entende? Eu deixo a liberdade deles. Claro, alemão eu já falo, não tudo, mas eu já me viro, consigo me comunicar, falo bastante até. Aqui tem muito lugar bonito pra passear, mas não faço isso com frequência, principalmente porque estou sozinho. Vou mais quando minha prima e tios, que moram aqui na região, vêm pra cá me visitar, aí até gosto”, comenta.

Jogador caseiro e conectado

Atacante explosivo dentro de campo, Rafhinha dá muito trabalho às defesas adversárias durante os 90 minutos de uma partida, e se dedica ao máximo nos treinamentos para estar sempre com excelente condicionamento físico. Nos tempos livres, porém, o comportamento do rondonense é outro. “Sou um cara muito tranquilo, amo ficar em casa, quase não saio, inclusive é uma das coisas que minha família mais pega no meu pé, é sobre sair, curtir, passear. Mas não são coisas que gosto de fazer, eu amo ficar em casa. Quando eu vou de férias para o Brasil raramente você vai me ver na rua ou nos jogos de futebol. Amo aproveitar o tempo que eu tenho em casa, ficar tranquilo, sem estresse. Não gosto de balada, vou quando tenho que ir com o time, alguma coisa assim, alguma festa especial. Gosto muito de jogar games, ficar conectado no computador. Converso muito com meus amigos e família via internet, pra gente ficar conectado, mostrar as fotos”, expõe, observando que é nestes momentos que a distância das pessoas próximas fala mais alto. “Não curto muito ficar vendo o grupo da família, porque ao mesmo tempo que é bom, também tem um lado ruim. Por exemplo, às vezes no final de semana estou sozinho comendo pizza, sem vontade de cozinhar, e olho meu irmão fazendo um costelão, postando foto com a família toda no sítio. Não sinto tanta saudade porque falo com eles sempre, mas ao mesmo tempo falo: ‘caraca, eu poderia estar ali’, entendeu? Então procuro não ficar vendo muito isso, porque ao mesmo tempo que é bom, é ruim, mas converso todo dia com meus amigos e minha família aí do Brasil através do computador”, complementa Rafhinha, que ainda aguarda a visita dos pais, seu João e dona Maria Elisabet na Europa. “Eles querem vir pra cá no meio do ano, estão querendo vir, mas todo ano eles prometem e não vem né?”, finaliza, com bom humor.

Xerife rondonense

Aos 35 anos, o hoje zagueiro André Luis Neitzke, que foi volante na maioria dos times que atuou, chega ao Brühl com a responsabilidade de comandar a defesa da jovem equipe suíça. Desde 2014 no país, André tem forte ligação com o Schaffhausen, da 2ª divisão, onde jogou em seis das quase nove temporadas no futebol suíço e onde esperava encerrar sua carreira. Até receber uma ligação. “Schaffhausen é a minha casa aqui na Suíça. Meu plano, junto com minha esposa e filhos, é ficar aqui na Suíça no futuro depois que encerrar a carreira. Isso aconteceria no Schaffhausen, até que o SC Brühl me ligou. Eles têm tem um projeto bacana, e também, claro, para ajudar eles nessa situação difícil acabei entrando em acordo, porque o projeto deles não é diferente do Schaffhausen, eles querem ficar comigo e me utilizar futuramente tanto na base como no profissional, ajudando como auxiliar, esse tipo de coisa, e acabou me interessando muito”, comenta André, que levou muito em conta o fato de poder jogar com o amigo rondonense. “Teve a oportunidade de jogar com o Rafhinha, que eu conheço há muitos anos. Sempre conversamos, somos amigos próximos, de estar sempre ligando, um ajudando o outro, e a chance é muito boa da gente jogar junto e poder tirar o time dessa situação. O Rafhinha já jogou aqui, então ele conhece o clube, eu também peguei informações com ele, que é um clube família, um clube legal, onde se joga tranquilo, não tem muita pressão da torcida. St. Gallen é uma cidade grande, tem visibilidade, então espero, junto com o Rafhinha, poder tirar o time dessa situação. Teremos esses últimos jogos importantes e agora estamos na preparação forte para poder tirar o clube do rebaixamento”, analisa.

Formado nas categorias de base do Grêmio e do Caxias, onde se profissionalizou, e Palmeiras, após deixar Marechal Rondon aos 12 anos para realizar o sonho de se tornar jogador, André teve uma passagem pelo Japão no início da trajetória profissional, vestindo as cores do Cerezo Osaka e Tokushima Vortis. Na volta ao Brasil, jogou pelo São José dos Campos (SP), Mesquita (RJ), Porto Alegre (RS), Paulista de Jundiaí (SP), Veranópolis (RS) e Toledo, onde atuou ao lado do irmão Giovani. As boas atuações no Paranaense de 2014 e um DVD o fizeram ter a chance de jogar na Europa. “No Toledo infelizmente a gente acabou sendo rebaixado, mas fiz um bom campeonato, por assim dizer. Acabei fazendo um DVD, mandei para alguns empresários e deu certo de vir pra Suíça, aonde estou até hoje”, relembra André. Na Suíça, além do Schaffhausen, ele já jogou pelo Sion e pelo Xamax, equipes da 1ª divisão.

Futuro como técnico

Com dois anos e meio de contrato no Brühl, este deve, provavelmente, ser o último time de André como jogador profissional. Mas, embora não tenha definido qual será seu futuro, o zagueiro dá indícios que deverá seguir ligado ao esporte. “Meus planos não são de jogar muito mais tempo, então já estou com a cabeça no futuro, de trabalhar, de fazer alguma coisa depois da carreira. Ainda é incerto quanto a saber o que vou fazer. Assinei um contrato de dois anos e meio, mas não sei dizer ainda se continuarei no futebol ou se vou trabalhar com outra coisa, estou aberto a opções, estudando também em outras áreas, as coisas do mercado da Suíça, tirando informação com amigos, fazendo cursos para poder me direcionar para algum lugar. Estou fazendo o curso de treinador, são sete etapas até chegar ao curso máximo e fiz três até agora, então ainda faltam quatro, e a cada etapa as dificuldades aumentam. Tem a questão da língua, porque são cursos que dependem muito da escrita, de entregar relatório, de escrever bastante, e como não é a nossa língua mãe, acaba sendo um pouquinho mais difícil, tomando mais tempo da gente, mas se é um sonho temos que correr atrás”, esclarece.

Prioridade: família

Enquanto desfruta de seus últimos anos como jogador profissional e se prepara para a fase pós-carreira, André explica que qualquer que seja as decisões tomadas, elas terão uma prioridade: a família. “Acho importante a pessoa estar preparada, estar bem resolvida quanto a parar de jogar. Acredito que estou muito bem resolvido, se fosse parar de jogar hoje, pararia numa boa. Mas como um bom brasileiro, amo futebol, é uma chance de jogar, não podemos negar. Fico feliz que o Brühl tenha vindo atrás de mim. Espero também poder retribuir, poder ajudar o clube, sair da situação junto com o Rafhinha. Não sei dizer quando exatamente, mas junto com isso eu planejo meu futuro, penso muito no que vou fazer. É bastante coisa acontecendo, estou muito feliz e a Liv, de um ano e meio e a minha esposa Camila, então a prioridade e quem vão me direcionar na verdade são eles. Para tudo que precisarem, estou aí” finaliza.

Neste sábado (21), o Brühl faz um amistoso diante do FC Uzwil, da 4ª divisão da Suíça. A expectativa é que Rafhinha e André estejam em campo.

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